terça-feira, 30 de janeiro de 2007

Brasil poderá ser maior potência agrícola mundial

O Brasil será o País que apresentará o maior crescimento em produção e exportações no setor agrícola no mundo até 2020. A estimativa é da União Européia (UE), que já começa a contabilizar o que significaria à longo prazo a abertura de seus mercados agrícolas diante de um eventual acordo da Organização Mundial do Comércio (OMC). Segundo cálculos feitos em Bruxelas, a liberalização e uma reforma interna do sistema de subsídios geraria uma redução de 25% no número de fazendas na Europa nos próximos 15 anos.

As projeções fazem parte de um levantamento de mais de 250 páginas elaborado por economistas da UE sobre como seria a agricultura européia em 2020 e quais desafios externos e internos sofreria. O cenário não é nada positivo para os europeus, segundo suas próprias valiações. “Está claro que temos que mudar a forma que atuamos no setor rural.Estamos perdendo competitividade há anos e a conclusão do levantamento mostra que não podemos seguir assim”, afirmou um funcionário de alto escalão da UE e que participou da elaboração do estudo.

A Política Agrícola Comum (PAC) da Europa foi criada nos anos 50 e 60 com o objetivo de reconstruir a capacidade do continente de produzir o suficiente para não depender de importações para se alimentar. Mas, depois de 40 anos de um apoio milionário, o mecanismo acabou gerando graves distorções. A Europa, por exemplo, se transformou em um dos maiores exportações de açúcar do mundo e a produção de vinha se expandiu tanto que parte do produto hoje é usado como etanol para alimentar máquinas industriais.

De acordo com o estudo, três fatores devem transformar radicalmente o cenário europeu até 2020. A pressão por cortes de subsídios, eventuais reduções de barreiras à importação e a competitividade da produção brasileira em vários setores. Segundo o estudo dos europeus, o crescimento nas exportações brasileiras não ocorrerá graças aos mercados ricos, mas principalmente por causa dos mercados emergentes, como Índia e China. Nos últimos 30 anos, um bilhão de pessoas foram somadas à população mundial, a maioria delas em países em desenvolvimento.

A projeção dos europeus estima que, nos próximos 15 anos, essa população vai ter renda maior, incrementando seu consumo. As exportações de soja, açúcar, frango e carne bovina do Brasil deverão aumentar de forma rápida. Já no mercado europeu, a falta de competitividade levará a uma queda de 4% por ano no número de agricultores até 2020. O resultado será o fim de um quarto de todas as fazendas hoje existentes na Europa.

Para evitar esse cenário, os europeus afirmam que estão dispostos a continuar reformando sua agricultura. Ontem, em Bruxelas, os 27 ministros de Agricultura do bloco europeu se reuniram para começar um debate sobre a proposta de corte de subsídios no setor de legumes e frutas. O apoio a esse setor corresponde a 3,1% do orçamento agrícola do bloco e chega a US$ 2 bilhões por ano.

A idéia é de que os subsídios seriam dados sem uma vinculação com o total da produção de cada fazendeiro, para evitar que certas empresas aumentem sua produção apenas para receber mais recursos. Esse fenômeno é o que acabou gerando nos últimos anos um excedente na produção, afetando os mercados globais. O projeto deve entrar em vigor em 2008 e afetará principalmente a Espanha, Portugal, Grécia e Itália.

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