quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

CHINA - AIE quer que a China avise quando for utilizar reservas

Pequim, 18 de Janeiro de 2007 - Agência que defende os interesses dos países ricos diz que objetivo é "acalmar os mercados". A Agência Internacional de Energia (AIE) acredita estar perto de um pacto com a China para que esta avise antecipadamente quando retirar petróleo de suas reservas estratégicas, informou ontem o diretor executivo da agência, Claude Mandil. A medida significa um importante passo para a transparência, e para acalmar os mercados internacionais de petróleo, que temem que a China possa apanhá-los de surpresa utilizando o petróleo de seus estoques a fim de manipular os preços.
Mandil se reunirá amanhã com o ministro da Energia da China, Chen Deming, para lançar as bases de um acordo. "Acho bastante possível alcançarmos uma estreita coordenação", disse Mandil à Dow Jones Newswires em Pequim, em sua primeira visita à China nos dois últimos anos. "Pelo menos podemos concordar que, em primeiro lugar, compartilhamos da filosofia sobre o uso dos estoques estratégicos e, em segundo lugar, que estamos totalmente preparados para conversar antes de usar os estoques".
A China está construindo tanques de armazenamento com capacidade de 100 milhões de barris de petróleo em quatro localidades que deverão estar concluídos em 2008. A concretagem do primeiro reservatório, em Zhenhai, na província oriental de Zhejiang, começou em agosto. Os tanques em construção em Zhoushan, Zhejiang e na ilha de Huangdao, na província oriental de Shandong, começarão a operar este ano.
Embora a China não seja membro da AIE, organismo encarregado de garantir a segurança da energia para as nações mais ricas do globo, Mandil disse que as duas partes mantêm uma estreita colaboração. "Qualquer acordo sobre as reservas não seria unânime e a AIE não iria esperar a China dar seu consentimento antes de liberar seus estoques no caso de uma emegência", disse.
A AIE também não prevê que a China seja obrigada por uma decisão da AIE a liberar seus estoques no caso de uma repentina e grave interrupção dos fornecimentos mundiais. Mandil advertiu Zhang Guobao, o vice de Chen na Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, a agência de planejamento econômico da China, durante uma reunião bilateral no mês passado, de que o sigilo da China a respeito de compras de petróleo para suas reservas é contraproducente para ela.
"Eu disse: Vocês estão equivocados quanto ao sentido do termo estratégico. É estratégico, mas isto não significa que deva ser sigiloso", afirmou Mandil. "Este é um tiro que sai pela culatra, porque aumenta a incerteza no mercado, aumenta a volatilidade e o mercado acredita que os estoques são enormes. Por isso, os preços estão subindo, o que torna mais dispendiosa a formação de estoques".
Os analistas prevêem que a China agirá imediatamente para encher seus tanques, depois da queda significativa dos preços do petróleo desde o início do ano, devido ao clima ameno nos Estados Unidos e aos escassos riscos geopolíticos. Os contratos futuros de petróleo registram seguidas baixas desde o início do ano, e se aproxima dos US$ 50 por barril em Nova York.
Gordon Kwan, da CLSA, de Hong Kong, comentou: "Prevemos que a China fará compras agressivas, caso os preços se aproximem de US$ 50". Segundo ele, o petróleo que entrar nas reservas estratégicas da China em 2007 poderá representar crescimento anual de 2% das importações do produto.

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